Daniel Soranz e Nísia Trindade em visita a unidade de saúde no Rio.
Por Nelson Lopes
Nísia Trindade, a ministra da Saúde, recebeu um pedido inusitado nesta semana do secretário municipal de Saúde do Rio, Daniel Soranz: ele quer municipalizar os hospitais federais da cidade. A intenção seria “ajudar” a gestão das unidades do Rio, que sofrem com a falta de repasses. A gestão dos hospitais cariocas foi motivo da primeira crise enfrentada pela gestão de Nísia na pasta, no primeiro semestre. Mas como pano de fundo para a oferta, Soranz e o prefeito do Rio, Eduardo Paes, enxergam o iminente ativo eleitoral.
O Rio tem uma das principais malhas de saúde do país, com capacidade de atendimentos de alta complexidade. O controle dos hospitais federais, portanto, garantiria votos e mais votos para as próximas eleições. Soranz, atualmente, é considerado um dos quadros mais capacitados para a gestão de saúde no Brasil. A atuação dele durante a pandemia o fez ter “vida própria na política”, sem uma associação direta a Eduardo Paes. Nísia, sabendo disso tudo, negou a ajuda, apesar de ter agradecido a oferta. Ela segue firme no cargo e referendada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apesar das críticas que recebe de adversários.
A cerimônia de posse da nova Executiva Nacional do União Brasil levou a Brasília a cúpula da política do Rio. É curioso, mas o partido aliado a Lula, que possui três indicações para ministérios na Esplanada, interessa – e muito! – à direita fluminense. É que o PL, de Cláudio Castro e Jair Bolsonaro, tenta atrair a legenda para uma composição no Rio de Janeiro. O tempo de TV do União Brasil é considerado fundamental para a campanha de Alexandre Ramagem, pela legenda bolsonarista.
Não por acaso, estavam na posse de Antônio de Rueda na presidência do União Brasil: o governador Cláudio Castro, o senador Flávio Bolsonaro, e o líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes. Todos fizeram questão de cumprimentar Rueda e reforçar o pedido para que o União indique o vice de Ramagem. Também presente na posse, o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, foi outro enormemente assediado pelos bolsonaristas. Caberá a Bacellar a decisão final sobre o apoio.
Um dos principais projetos que tiveram sua urgência analisada nesta semana na Câmara, o controverso texto que iguala abortos para fetos com mais de 22 semanas ao crime de homicídio foi endossado pela bancada do Rio na Casa. A deputada fluminense Chris Tonietto, presidente do Movimento Pró Vida e vice-presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, foi uma das principais articuladoras do projeto de lei. Com objetivo de fazer pressão e gerar comoção, a parlamentar convocou uma sessão solene para homenagear o Movimento Pró-Vida, na véspera do dia em que a urgência do texto foi votado.
As redes sociais do movimento pró-vida também convocam seus adeptos a debater o tema nas redes sociais. No requerimento para a sessão, Tonietto justificou que o movimento “desenvolve inúmeras ações de conscientização da população sobre o respeito à vida humana desde a concepção”. Com a aprovação da urgência para a análise do texto, a pauta cara ao bolsonarismo poderá ser votada sem a necessidade de passar por comissões temáticas. Além de ter grande aderência junto ao eleitorado feminino e ser presidente do PL Mulher do Rio, Tonietto é vista como um “quadro técnico”, com capacitação jurídica. Próxima da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, ela tem a confiança do ex-presidente e é bem vista no setor religioso.
Falando no polêmico projeto, é da autoria do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) o seu texto. O tema mais debatido no Congresso e nas redes sociais nesta semana, entretanto, deve ser alterado e suavizado. O presidente da Câmara, Arthur Lira, procura uma mulher de um partido de centro, capaz de produzir um texto menos radical.
Lira diz que o texto não avançará sobre os casos previstos em lei, como os casos de gravidez decorrente de estupro, bebês anencéfalos e risco à vida da gestante. E isso vai no cerne do que Sóstenes Cavalcante prega em seu projeto. Ex-líder da Frente Evangélica da Casa, o deputado fluminense promete fazer resistências e se opor a qualquer mudança no seu escrito. Para isso, precisará peitar a esquerda e o todo-poderoso Arthur Lira. É esperar pra ver…
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