*Por Marcos Espínola
Com a presença das forças armadas e as polícias Federal, Militar e Rodoviária Federal na Cidade, especialmente na Zona Sul, o carioca ficou com a sensação de maior segurança, ainda que a intenção do governo fosse proteger os chefes de estado e suas comitivas que vieram para G20. Teve carioca tão à vontade que arriscou falar ao celular nas ruas e dirigir com a janela do carro aberta. No entanto, a violência permaneceu durante esses dias e é impossível fingir que algo melhorou, pelo contrário, sabemos que tudo volta ao normal, que é o nosso caos diário.
A tranquilidade garantida pelo forte esquema de patrulhamento se refletiu nas delegacias da Zona Sul, mas isso é muito pouco diante do cenário de guerra que acontece em todas as regiões, especialmente nas Zonas Norte e Oeste.
Mesmo com a parcial tranquilidade, um carro da comitiva do presidente Lula foi roubado e recuperado no Complexo do Chapadão, na Zona Norte. Em outro ponto, tiros foram disparados próximo a Linha Amarela, na altura da Cidade de Deus quando militares das Forças Armadas prestavam auxílio a vítimas de um acidente de trânsito.
No Centro, uma integrante da comitiva do Timor-Leste foi roubada na Lapa, sendo abordada por suspeitos em uma bicicleta. Um dia após o G20, um arrastão levou terror em Botafogo, na Zona Sul, onde diversas pessoas tiveram celulares roubados.
Felizmente, não houve um incidente grave durante os dias do evento, que era a maior preocupação das autoridades, com grande receio de arranhar ainda mais a imagem da Cidade e do Brasil. Entretanto, a repercussão negativa do Rio de Janeiro no que diz respeito a violência já vem de longa data, com vários episódios de turistas agredidos, roubados e até mortos. Um dos casos recentes mais emblemáticos foram dos médicos na orla da Barra da Tijuca que foram assassinados por serem confundidos com milicianos.
Passado o evento internacional, quando cerca de 22,3 mil militares das Forças Armadas participaram da GLO, sendo 18,5 mil do Exército, 2,1 mil da Marinha e 1,6 mil da Aeronáutica, fica a sensação de que, com investimento e estratégia baseada na inteligência é possível combatermos a violência.
Precisamos que as autoridades possam compreender que cada cidadão carioca tem o mesmo direito à segurança que tiveram os chefes de estado, podendo ir e vir com a proteção do Estado. Trata-se de um direito constitucional.
Marcos Espínola é advogado criminalista e especialista em segurança pública
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