Por Nelson Lopes
O presidente da Embratur, Marcelo Freixo, se encontra em uma “sinuca de bico”: agora filiado ao PT, pode ter que apoiar a candidatura de Eduardo Paes à reeleição para a prefeitura do Rio, caso o presidente Lula assim decida pelo partido. Acontece que Paes, além de ser o seu principal adversário político local nos últimos anos e contra o qual Freixo fez inúmeras acusações por conivência com a gestão de Sérgio Cabral, terá o apoio do Republicanos, legenda de Marcelo Crivella – contra o qual também concorreu e antagonizou nas chamadas pautas de comportamento. Para piorar tudo, o vice escolhido por Paes pode ser Pedro Paulo, contra o qual duelou em 2016. Acha que termina por aí? Não mesmo. Caso este desenho – provável! – se concretize, Freixo terá que fazer campanha contra a candidatura do deputado Tarcísio Motta, seu aliado histórico em causas no PSOL.
A possibilidade de o PT ter o vice na chapa encabeçada por Paes, aliás, esbarra em uma outra questão: visto como o petista ideal para ocupar o cargo e, quem sabe, herdar a prefeitura em 2026, quando Paes pode se candidatar ao governo, o ex-presidente da Alerj André Ceciliano se tornou um homem forte do partido em Brasília. Braço-direito do ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, Ceciliano hoje coordena as caravanas federativas, que reúnem prefeitos de todo o Brasil e facilitam as entregas do governo federal do Oiapoque ao Chuí. A possibilidade de saída dele desagrada à parte da cúpula do Palácio do Planalto, justamente, pelo bom trabalho que vem sendo realizado.
Os bolsonaristas do Rio receberam uma carta vinda diretamente de Brasília, nos últimos dias, com recomendações sobre “modos” durante a campanha municipal deste ano. Ficam proibidas as manifestações e mensagens de apoio de bolsonaristas a membros de outros partidos. Quem cruzar a linha e desrespeitar a instrução do presidente da legenda, Valdemar da Costa Neto, poderá sofrer processo interno e até ser expulso da legenda. O Rio, por ser o berço do bolsonarismo, é considerado “estratégico” no plano eleitoral do PL e, por isso, estão vetadas as dissidências e gravações de vídeos nas redes sociais a quadros de outros partidos. Quem discordar do nome escolhido por Bolsonaro e Valdemar deve ficar, no máximo, calado.
Recuperado de uma internação por erisipela na perna, o ex-presidente Jair Bolsonaro voltou à ativa nesta quarta-feira, em Brasília. Ele foi a um almoço promovido pela Frente Parlamentar da Agropecuária. Por lá, não perdeu tempo e já passou instruções a membros das bancadas ruralista e da bala, que estavam presentes. Com seu filho, o senador pelo Rio, Flávio Bolsonaro, o ex-mandatário orientou os parlamentares a derrubarem o veto de Lula no chamado PL das Saidinhas. Os bolsonaristas, portanto, vão trabalhar para que os presos não possam sair em hipótese em indultos. A sessão está marcada para a próxima quarta-feira e Flávio Bolsonaro é quem coordenará os trabalhos da oposição no Congresso. A vitória do bolsonarismo nesta empreitada é dada como certa.
Pré-candidato à prefeitura do Rio pelo PP e botafoguense fanático, o deputado federal Marcelo Queiroz conta uma anedota nos bastidores da Câmara dos Deputados: diz ele que se a disputa fosse no futebol a eleição estaria ganha. O motivo? Eduardo Paes, Alexandre Ramagem e Tarcísio Motta, seus principais adversários, são todos vascaínos. E o Vasco, como se sabe, leva a pecha de vice. Amigo pessoal de Queiroz, apesar de adversário, Ramagem retrucou com bom humor ao ouvir: “É o Botafogo que tem morrido na praia”. Os dois caíram na gargalhada.
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