O evento Comex Day, realizado nesta semana no Rio de Janeiro, debateu assuntos como oportunidades nas exportações, transição energética, descarbonização e bioeconomia. Na abertura do evento, na sede da Associação Comercial do Rio (ACRJ), no Centro da capital fluminense, o vice-governador, Thiago Pampolha, disse que esses serão temas serão as principais apostas para o Rio se tornar mais competitivo no mercado internacional.
Pampolha disse que muitos esforços vêm sendo feitos para que o Rio e o Brasil melhorem suas condições para competir no mercado global. E lembrou que o estado é o segundo maior exportador e terceiro importador, com a capacidade produtiva para se reinventar e assumir ainda mais o protagonismo nas áreas de vocação. “Sem um Rio de Janeiro forte e pujante, o Brasil perde oportunidades”, comentou o vice-governador.
O evento tratou também da realização do G20, que neste ano ocorrena cidade, e também celebrou os 216 anos da abertura dos portos decretada por Dom João VI – conhecido como Dia do Comércio Exterior. O evento foi realizadao pelo Sistema Cisbra-Caerj (Câmaras de Comércio, Indústria e Serviços do Brasil e do Estado do Rio de Janeiro).
Realização do G20 em debate no Comex Day
Com o Rio sendo anfitrião da Cúpula de Líderes do G20 esse ano – a primeira oportunidade brasileira na história e a terceira de um país da América Latina -, o tema escolhido para o evento foi O Brasil no Centro do Mundo.
Para o diretor executivo da Autoridade do Desenvolvimento Sustentável (ADS), a realização do G20 pode ser um divisor de águas para o Brasil. Paulo Protasio defendeu a adoção de um mapa-múndi com o Brasil no centro da perspectiva global, dando a verdadeira dimensão continental da América do Sul com os dois oceanos, Pacífico e Atlântico. O executivo observou que o mapa com a Europa centralizada cria distorções como a de que nosso continente conta só com o Atlântico, quando somos bioceânicos.
“Aproveitamos a oportunidade para propor uma mudança de visão geográfica diferenciada, pensando nos aspectos econômicos e políticos. Cerca de 60% dos países que compram os bens e serviços brasileiros constam do G20, as empresas nacionais vão começar a pensar em novas alternativas de ação produtiva”, apostou Protasio.
Segundo ele, a ONU Habitat – programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos, dedicada à promoção de ações sociais e ambientais – vai trabalhar os 92 municípios fluminenses, juntamente com a ADS, para promover a sustentabilidade. Mas é preciso que todos se engajem.
No painel sobre as novas Zonas de Processamento das Exportações (ZPEs), o presidente do Conselho de Administração da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Arthur Pimentel, defendeu que o desenho desse tipo de plataforma para bens e serviços alimenta o comércio exterior local.
“ZPEs são concebidas e idealizadas no papel, mas o conceito é altamente dinâmico. Cabe ao mercado ir sinalizando para o poder público flexibilizar seus muros. Por que não começar a agregar as empresas do entorno?”, questionou.
Sobre a nova ZPE do Açu, em São João da Barra, Pimentel lembrou que já existe toda a infraestrutura necessária com entrada e saida marítima e terrestre. “Deve-se colocar muita energia para colocar o projeto em marcha e ajudar a desenvolver o Norte Fluminense e todo o estado”, atestou.
Oportunidades e desafios nas exportações
O painel sobre as oportunidades e desafios nas operações de exportação no Rio de Janeiro, tratou da realidade de corredor logístico com embarques para o mundo de itens de outras localidades – especialmente Minas Gerais e Espírito Santo. Apesar da boa infraestrutura logística, as exportações fluminenses praticamente são restritas ao setor de petróleo e gás. Na opinião da diretora do Sindicato dos Despachantes Aduaneiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindaerj) e CEO da Brasil Despachos, Rita Fernandes, o Rio não tem cultura exportadora e nem incentivo para as empresas exportarem.
“O empresário fluminense não conhece e tem medo de vender para fora. Como o mercado consumidor do estado é o segundo maior do Brasil, as empresas acabam preferindo investir no mercado interno. Os governos (estadual e federal) e as federações precisam fazer campanhas de orientação e incentivo às exportações. Não temos uma Secretaria de Comércio Exterior, agora é que vamos ganhar uma Subsecretaria de Relações Internacionais, que cuida da diplomacia”, lamentou Rita.
O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Cargas e Logística do Rio de Janeiro (Sindicarga RJ), Filipe Coelho, defendeu que o Rio seja transformado em um hub logístico, por ter posição geográfica privilegiada, ser o segundo maior Produto Interno Bruto (PIB) do país, ao lado do primeiro e terceiro PIBs (São Paulo e Minas Gerais, respectivamente). “Hoje o Rio possui infraestrutura de ponta, E temos ferramentas fiscais para nos prepararmos e sermos competitivos”, afirmou.
Mario Scangarelli, diretor executivo da Cisbra-Caerj, falou sobre os processos de internacionalização das empresas brasileiras, o que é diferente de exportar. “A exportação é o primeiro passo. A necessidade de começar o processo de vendas conquistando esse mercado, esse público, esse cliente, até possibilitar o desenvolvimento da marca em direção à internacionalização”, explicou.
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