Categorias: Turismo

Freixo ressalta o papel do Rio na missão de reconstruir a imagem do Brasil no exterior

O ano de 2022 foi intenso para Marcelo Freixo. Após a disputa pelo Governo do Estado contra o governador Cláudio Castro, que acabou reeleito, Freixo aceitou um desafio que pode ser um dos maiores de sua carreira pública. Em 12 de janeiro de 2023, o Freixo foi nomeado presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur).

Pela frente, obstáculos complicados como a reconstrução da imagem do Brasil e do Rio no exterior. Logo em suas primeiras palavras como presidente da entidade de turismo, Freixo sintetizou a grande missão: “arrumar a casa”. Em conversa por e-mail com a equipe do Conexão Fluminense, Freixo fala sobre segurança, sustentabilidade, inovação e outros pontos-chave da retomada do Turismo fluminense.

Confira a entrevista com Marcelo Freixo, presidente da Embratur

Conexão Fluminense – Qual o papel do Rio de Janeiro na política da Embratur de reconstruir a imagem do Brasil no exterior?

Marcelo Freixo – O Rio de Janeiro é o principal cartão postal do Brasil, é nossa porta de entrada e, como tal, terá importante papel na reconstrução da imagem do Brasil no exterior. É claro que temos questões urgentes para superar, com a segurança, principalmente para as mulheres, a melhora na infraestrutura de mobilidade e serviços.

A Embratur vai ser parceira do Rio de Janeiro, e já estamos em diálogo com os ministros do governo Lula para executar políticas que contribuam na resolução desses problemas. Por outro lado, estamos trabalhando também para que o Rio seja um destino ainda mais rico e atrativo para o turista internacional.

Nós já temos grandes símbolos como o Cristo e Pão de Açúcar, temos o carnaval, o samba, as nossas belezas naturais e culturais que o mundo conhece. Mas o Rio pode e vai ser ainda mais do que isso. Precisamos evoluir como sociedade na relação que nós temos com a sustentabilidade ambiental, esse é um compromisso da Embratur.

O turista internacional está cada vez mais engajado e preocupado com os efeitos do consumo que ele faz quando está viajando. Ninguém que visitar um país que polui, que destrói o meio ambiente. Assim como ninguém quer visitar um país que é racista e que reprime a diversidade. Nós vamos promover o Brasil que queremos ser, para que o turista nos ajude a ser esse Brasil.

Nesse sentido, por exemplo, conversamos com a UNESCO, com o BNDES, e vamos tirar do papel o Museu do Cais do Valongo, uma região que foi declarada patrimônio da Humanidade pela ONU. É um museu de memória sensível, que nos ajudará como sociedade a resgatar uma parte da história que o racismo jogou debaixo do tapete, da escravização do povo africano, dos heróis que resistiram e lutaram por séculos por liberdade e por dignidade.

E vamos mostrar para o mundo que é possível superar o racismo e a desigualdade que dela advém passando nossa história à limpo e valorizando nossa cultura ancestral. Fortalecer o afroturismo no Brasil é uma das maneiras de contribuir para a construção de um Brasil mais justo, e o Rio joga papel importante nessa estratégia. Como também no fortalecimento do ecoturismo, que é o segmento que mais cresce no planeta.

Estamos em diálogo com a ministra do Meio Ambiente, a Marina Silva, e entendemos que os parques nacionais de preservação, como o da Tijuca, o de Itatiaia, o da Serra dos Órgãos, o da Restinga de Jurubatiba, entre outros que temos no Rio, eles têm um potencial pouco explorado, e o turismo ajudará a manter esses parques preservados.

Por fim, além do Cais do Valongo temos outros três títulos de patrimônio da Humanidade: a Paisagem do Rio de Janeiro, o Sítio Roberto Burle Marx, e a região de Paraty e Ilha Grande. A UNESCO é parceira nossa na construção de roteiros que atraiam turistas estrangeiros para conhecer estes destinos.

“Fortalecer o afroturismo no Brasil é uma das maneiras de contribuir para a construção de um Brasil mais justo”

Marcelo Freixo, presidente da Embratur

Conexão Fluminense – Em recente entrevista você falou sobre o objetivo de abrir um escritório da Embratur no Rio de Janeiro. Qual a importância deste movimento para o estado?

Marcelo Freixo – É importante ter um canal de diálogo com o trade e o poder público local. Tudo isso passa, evidentemente, pela reestruturação financeira da Embratur, que a é a nossa missão número um. Garantir uma fonte de receita permanente e sustentável. Vamos criar polos de inovação, em parcerias com universidades e starups e esse movimento vai começar no Rio de Janeiro.

Conexão Fluminense – O Turismo do interior do estado do Rio alcançou bons números no ano passado, principalmente no turismo doméstico. A Embratur pensa em alguma política para divulgar os destinos turísticos fluminenses no exterior?

Marcelo Freixo – Nosso objetivo é trabalhar em conjunto com prefeituras e secretarias de turismo, vamos promover a construção de roteiros para o turista estrangeiro para conhecer nossa diversidade cultural, nosso patrimônio histórico e nosso turismo ecológico, como já disse anteriormente.

A palavra-chave é segmentação, e isso será feito com base em dados, em informações qualificadas, para promovermos os destinos de acordo com o seu pleno potencial no exterior. Há muito que ser explorado das praias da Região dos Lagos; da beleza natural misturando mar, montanhas e comunidades tradicionais na Costa Verde; do turismo histórico e o Circuito do Café na região do Médio Paraíba; do clima agradável da Região Serrana; turismo de aventura e muito mais.

Freixo: “O que foi feito com o Galeão nos últimos anos foi um crime”. Crédito: Valter Campanato/ABR.

Conexão Fluminense – A questão dos aeroportos Galeão e Santos Dumont está diretamente ligada ao Turismo do Rio. Na sua opinião, qual o melhor destino para os dois terminais?

Marcelo Freixo – O que foi feito com o Galeão nos últimos anos foi um crime. Nós já nos reunimos com a direção do RioGaleao, com os ministros Márcio França, dos Portos e Aeroportos, com a ministra Daniela Carneiro, do Turismo, com o prefeito Eduardo Paes, e estamos acompanhando de perto toda a negociação.

O Rio de Janeiro tem que ser porta de entrada de voos internacionais. O Santos Dumont tem que manter sua característica principal de fazer as pontes aéreas e voos nacionais e o Galeão voltar a ter destaque internacional e também atendendo ao mercado interno. Os papéis dos aeroportos são complementares.

Conexão Fluminense – O Turismo de Negócios no Rio entrou no caminho da retomada no ano passado, mas não alcançou os patamares pré-covid. O estado tem condições de se tornar a opção número 1 nesta modalidade?

Marcelo Freixo – O turismo de negócios é muito importante para o Rio e para o Brasil, e faz parte de nossa estratégia fomentar o estímulo à realização de eventos corporativos internacionais em nosso país. São Paulo é a capital do turismo corporativo por essência, mas o Rio de Janeiro também tem enorme potencial, é um papel compartilhado.

Estamos trabalhando junto ao Ministério de Relações Exteriores, eu tive eunião com o ministro Mauro Vieira, e o Brasil será sede de uma série de eventos diplomáticos nos próximos anos, que atraem não só os membros de governos, diplomatas, mas também empresários e membros de terceiro setor de todo o planeta.

Em 2024, vamos ser o país sede do G-20, o que significa receber centenas de reuniões setoriais ao longo de todo o ano. São Paulo e Rio de Janeiro são cidades que naturalmente vão receber o maior volume desses eventos, por toda a infraestrutura de leitos e de espaços de convenções que nós temos hoje.

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