*Por Julio Cesar Barreto
Os católicos celebram na próxima quinta-feira (30) a solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, conhecida popularmente como Corpus Christi. No Brasil, a celebração é conhecida pelos tapetes confeccionados em vias públicas a partir de diversos materiais, em uma mistura de fé, tradição e arte.
Em Campos dos Goytacazes, maior cidade do interior fluminense, 10 paróquias da área central e do distrito de Guarus estão mobilizadas há dias na preparação, que envolve desde a compra dos materiais até o desenho das ilustrações.
Os tapetes são confeccionados em importantes ruas e avenidas do Centro, como Alberto Torres, Lacerda Sobrinho, Barão de Miracema e Tenente Coronel Cardoso. As interdições no trânsito costumam acontecer desde às 6h até o término da procissão, que reúnem centenas de fiéis.
Além das igrejas, as confecções também ficam sob a responsabilidade de alunos e profissionais de colégios católicos tradicionais, de seminaristas do Seminário Diocesano Maria Imaculada e de representantes da Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia (Seduct).
No último fim de semana, adolescentes da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no bairro IPS, se envolveram em uma das etapas mais cruciais dos tapetes. Com o auxílio de um projetor digital o desenho escolhido foi desenhado em um TNT.
A coordenadora do grupo de adolescentes, Cleide Albuquerque, de 49 anos, explica que a medida facilita o trabalho de preencher os espaços do tapete, que terá 15 metros de largura e seis metros de altura.
“Não é só chegar e fazer como muitos pensam. Apesar dos jovens ficarem responsáveis pela confecção, toda a comunidade se mobiliza através de diversas formas, seja na compra dos materiais ou na preparação do lanche. Além disso, enquanto estamos trabalhando nós conversamos e oramos sobre o significado da festa, que é a exaltação do Corpo de Cristo”, disse, citando ainda a preocupação em transmitir a tradição aos mais jovens.
Bióloga e professora, Cleide considera prudente e correta a orientação da Diocese de Campos para que os participantes não usem produtos poluentes ou que possam ser consumidos, como sal grosso. Ela conta que a borra de café, por exemplo, se for usada em grande quantidade pode se compactar e contribuir para a impermeabilização do solo.
“Vamos usar xadrex, que é um corante a base de água e está difícil de se achar nas lojas de material de construção, pedras usadas em aquário e areia”, disse.
O tema do tapete da paróquia de Cleide será a partir do tema proposto pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil para a Campanha da Fraternidade 2024: “Vós sois todos irmãos e irmãs”. O desenho trará a representação do Espírito Santo e do momento que Jesus Cristo lava os pés dos discípulos.
O solenidade religiosa tem origem no século XIII, quando foi instituída pelo Papa Urbano IV, entre 1262 e 1264, para ser celebrada na quinta-feira seguinte ao Domingo de Pentecostes. A informação é do vigário-geral da Diocese de Campos, Monsenhor Leandro Diniz.
“A festa, que é uma das celebrações mais marcadas por simbolismos, atende uma recomendação do Código de Direito Canônico, que determina a veneração pública à Eucaristia. É um momento para enfatizar e evidenciar a presença real do senhor Jesus no pão e no vinho consagrados, além de ser um convite para meditação sobre o valor e a importância da santíssima eucaristia em nossa vida”, explicou.
Segundo o sacerdote, a tradição dos tapetes é um hábito introduzido pela colonização portuguesa, já que, desde o século XIII, a prática ocorria na região dos Açores, em Portugal.
“A ornamentação das vias públicas faz referência a entrada de Jesus em Jerusalém antes de ser crucificado. Na ocasião, o povo cobriu as ruas com ramos de oliveira para acolhe-lo. A diferença é que hoje quem passa é o Santíssimo Sacramento em cima dos desenhos”, observou.
Monsenhor Leandro, que também é pároco da Catedral do Santíssimo Salvador, explicou que na quinta-feira a diocese abordará o Ano da Oração, decretado pelo papa Francisco para 2024. Os cinco tapetes destinados à catedral serão confeccionados a partir desta temática.
“Graças a Deus o povo está voltando a participar e com a multidão que tem participado nos últimos anos fica difícil mensurar a quantidade de pessoas que acompanham Jesus Sacramento para louvar, bendizer e adora-lo”, finalizou.
Após concluírem os tapetes, os fieis retornam para missa, às 15h, no Santuário Diocesano de Adoração. A procissão por diversas ruas do centro campista acontece em seguida. O bispo diocesano, Dom Roberto Francisco, e o bispo da Administração Apostólica São João Maria Vianney, Dom Fernando Rifan, vão em um veículo junto com o ostensório, objetivo litúrgico que armazena a hóstia consagrada.
Apesar da grande mobilização de católicos em todo país e, até mesmo de integrantes de outras religiões para contemplar as obras produzidas, a data não é feriado nacional.
Corpus Christi é considerado ponto facultativo pelo Governo Federal. O mesmo acontece em repartições públicas municipais e estaduais por todo o Brasil. O Governo do Estado do Rio de Janeiro e as prefeituras da capital fluminense e de Campos, por exemplo, decretam ponto facultativo.
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