*Por Flávio Cure
Um estudo recente realizado por pesquisadores do Hospital Universitário de Munique revelou como o consumo excessivo de álcool pode impactar o coração, mesmo em pessoas jovens e saudáveis. O estudo, chamado MunichBREW II, mostrou que beber em grandes quantidades pode desencadear arritmias cardíacas clinicamente significativas, mesmo após o fim da festa. Os resultados surpreenderam ao mostrar que mais de 5% dos participantes apresentaram alterações preocupantes no ritmo cardíaco, principalmente durante a fase de recuperação, quando os efeitos do álcool ainda estão sendo processados pelo corpo.
Para realizar o estudo, a equipe levou monitores de ECG portáteis a festas frequentadas por jovens que consumiam grandes quantidades de álcool. Eles acompanharam o ritmo cardíaco dos participantes por 48 horas, dividindo o período de monitoramento em diferentes fases: início, consumo, recuperação e períodos de controle. Os pesquisadores observaram que, durante o consumo, o coração apresentava batimentos acelerados, muitas vezes ultrapassando 100 batimentos por minuto. Já na fase de recuperação, as arritmias tornaram-se mais frequentes, mostrando que o efeito do álcool no coração persiste mesmo após o término da ingestão.
A pesquisa é uma continuação de um estudo anterior realizado durante o Oktoberfest em 2015, que havia identificado uma ligação entre o consumo de álcool e arritmias, mas de forma mais limitada. Dessa vez, com uma análise mais aprofundada, os cientistas conseguiram confirmar que o impacto do álcool no coração pode ser duradouro e relevante, exigindo mais atenção de quem costuma exagerar na bebida. Os resultados também apontam para a importância de uma análise mais detalhada sobre como esses episódios de arritmia poderiam afetar a saúde cardíaca a longo prazo, especialmente em indivíduos que consomem álcool frequentemente.
Esses achados levantam preocupações sobre o efeito a longo prazo do álcool na saúde cardíaca. Embora o estudo tenha se concentrado nos efeitos imediatos, os pesquisadores enfatizam que arritmias recorrentes podem, com o tempo, levar a problemas cardíacos mais graves. Eles observaram que o desenvolvimento de arritmias pode não apenas ser um indicativo de problemas futuros, mas também agravar condições cardíacas preexistentes, muitas vezes sem que o indivíduo esteja ciente. Esse fator de risco oculto, presente em muitos jovens e adultos que consideram o consumo excessivo uma prática inofensiva, merece atenção redobrada.
Além disso, o estudo sugere que outros fatores, como predisposição genética e presença de condições cardiovasculares silenciosas, podem aumentar o risco para certos indivíduos. Isso reforça a necessidade de conscientização sobre o consumo de álcool e a realização de exames preventivos, especialmente para aqueles com histórico familiar de doenças cardíacas. Segundo os autores do estudo, entender os efeitos do álcool no coração pode ajudar a formular diretrizes mais precisas para o consumo seguro, algo que atualmente ainda é baseado em médias populacionais e não considera fatores individuais.
Outra conclusão importante do estudo foi a relação entre o período de recuperação e a persistência dos sintomas. Os participantes, mesmo após cessarem o consumo, continuaram a exibir sinais de estresse no sistema cardiovascular, como batimentos irregulares e aumento da pressão arterial. Este efeito prolongado sugere que o álcool permanece influenciando a função cardíaca por mais tempo do que o esperado, especialmente após consumos em grande escala. Tais descobertas são particularmente relevantes para jovens, que podem sentir-se tentados a consumir grandes quantidades em eventos sociais e desconhecem esses riscos.
Portanto, a pesquisa faz um alerta para os impactos subestimados do álcool na saúde cardíaca e destaca a importância de uma abordagem consciente e moderada. Para aqueles que buscam entender melhor o impacto do consumo no coração, estudos como o MunichBREW II são essenciais para informar práticas mais saudáveis. Os autores também sugerem que futuras pesquisas considerem outros comportamentos associados ao consumo de álcool, como tabagismo e uso de substâncias, que podem potencializar os riscos para o sistema cardiovascular.
Por fim, a mensagem principal do estudo é clara: mesmo episódios esporádicos de consumo excessivo podem ter um impacto duradouro e preocupante na saúde do coração. Essa constatação é particularmente importante em uma sociedade onde o consumo excessivo de álcool é muitas vezes normalizado em celebrações. Para garantir um coração saudável, a moderação no consumo é essencial, e qualquer sinal de arritmia deve ser levado a sério e monitorado, especialmente em indivíduos jovens que consideram estar fora de risco.
Flávio Cure Palheiro é cardiologista, coordenador do Centro de Estudos do Hospital Copa Star.
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