Capital

Firjan: Rio responde por 72% do gás produzido no Brasil

O estado do Rio de Janeiro é responsável por 72% de toda a produção bruta de gás natural do Brasil. Além disso, responde ainda por uma fatia de 51% da produção disponível. É o que aponta estudo lançado pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), intitulado “Perspectivas do Gás no Rio”, cujo lançamento da publicação ocorreu esta semana na sede da federação na capital fluminense.

O estudo traz o dado de produção bruta de gás no Brasil de 145 milhões de metros cúbicos por dia (m³/dia), entre janeiro e outubro de 2023, um crescimento de 5% frente a média de 2022 (138 milhões m³/dia). O levantamento apresenta ainda a atualização do mercado fluminense com dados comparativos com o Brasil, além de trazer análises de diferentes visões de empresas que atuam no mercado.

Apesar dos números positivos de produção bruta, a reinjeção também se destaca. Essa operação nas plataformas segue crescendo, alcançando a ordem de 75 milhões m³/dia. Já a demanda de gás natural, devido à baixa competitividade em preço do energético, segue caminho contrário, com redução da demanda total em torno de 7% do país na mesma comparação de período (janeiro a outubro de 2023).

Demanda industrial em debate na Firjan

O estudo indicou ainda que a demanda industrial apresentou queda de 5%; enquanto a demanda por GNV (Gás Natural Veicular) com queda de 13%, reflexo ainda da política do governo federal de redução do ICMS para os combustíveis líquidos no segundo semestre de 2022. Nesse sentido, o estado do Rio também apresenta cenário semelhante ao país, com redução de aproximadamente 5% na demanda por gás natural no ano passado.

“O gás natural é muito rico no estado do Rio e pode ser mais valoroso ainda para a sociedade fluminense e para o país. Mas, o preço ainda continua caro para a indústria. É necessário baixar o preço para valorizar ao máximo os recursos do produto, pois é o energético de baixa emissão de carbono e perfeito para esse momento da transição energética, até que os demais energéticos se viabilizem, como o hidrogênio verde e as eólicas offshore”, avalia o vice-presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano.

A publicação deste ano também conta com artigos da Firjan Senai Sesi e de parceiros como a Ministério de Minas e Energia (MME) e Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviço (MDIC), e das empresas Gerdau, Prio e Origem. A Firjan Senai Sesi destaca como o gás natural pode ser impulsionado no país e no Rio a partir de três grandes pilares: expansão da oferta nacional, aproveitando o diferencial competitivo do gás ser produzido juntamente com o petróleo, o qual viabiliza a totalidade dos investimentos; a precificação dos ganhos de descarbonização com a substituição de outros combustíveis mais poluentes (carvão, GLP, óleo combustível, gasolina e diesel) pelo gás natural; e a importância de arcabouço regulatório favorável a expansão do consumo.

“A partir desses pilares, os investimentos serão favorecidos, gerando atividade econômica, geração de empregos e arrecadações governamentais tanto para a União quanto para os estados e municípios brasileiros”, afirma a gerente de Petróleo, Gás e Naval da Firjan, Karine Fragoso.

Em seu artigo, a Origem apresenta a importância do gás natural para desenvolvimento econômico no país, destacando que no mundo o gás é usado como fator de competitividade da cadeia produtiva, mas que no Brasil é incipiente e muito focado para geração termelétrica. Para crescimento desse mercado além da geração elétrica, a empresa destaca a necessidade de melhoria da precificação, que ao contrário do mundo, no Brasil não reflete as condições de oferta e demanda regionais, mas sim são regidas pela cotação internacional do petróleo.

Participação das empresas e instituições

A Prio, antiga Petrorio, aborda o crescimento da participação de empresas produtoras de petróleo e gás independentes e ressalta que a expansão da oferta de gás natural desses produtores está atrelada a viabilidade de acesso às infraestruturas de disponibilização, as quais são restritas e pouco vantajosas para os produtores independentes.

Já a Gerdau explicita o papel da indústria de aço no contexto de transição energética, como matéria-prima insubstituível, que em muito ainda depende do carvão para a sua produção. Nesse ponto, o gás natural é colocado como vetor dessa descarbonização do processo produtivo da indústria de aço.

A companhia destaca, também, seu foco em uso de reciclagem de sucata e biorredutores na sua cadeia produtiva, posicionando-a como uma das empresas com menor índice de emissão do setor. Ainda assim, apresenta o plano de reduzir suas emissões em 12%, mesmo já possuindo um nível de emissões 51% menor que a média mundial.

Por sua vez, o Ministério do Desenvolvimento, aborda que o gás tem papel central na transição energética, até como potencializador de fontes renováveis, e apresentou os esforços empenhados para desenvolver propostas visando melhorar a competitividade das indústrias, que usam o gás natural, por meio do Grupo de Trabalho Gás para a Indústria, instituído no âmbito do Conselho Nacional de desenvolvimento industrial – CNDI.

Já a pasta de Minas e Energia detalhou a atuação, por meio do Programa Gás para Empregar e seus diversos Grupos de Trabalho, destacando que tem como objetivo possibilitar a melhoria do mercado de gás. Os efeitos positivos para o estado do Rio de Janeiro, por exemplo, destacados pelo ministério, são no sentido de crescimento da disponibilização de gás por meio da redução de reinjeção e da revitalização de campos. Assim pode haver aumento da arrecadação de participações governamentais e dinamização da economia local, já que o desenvolvimento do setor produtivo pode ser alavancado pelo aumento da oferta de gás natural a preços competitivos.


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