Nas entrelinhas da notícia

Arremedos de políticos a fragilidade do sistema representativo: Santo Graal e ouro de tolo

*Por Professor Hélvio Costa

Certas pessoas públicas são fingidoras. Fingem tão completamente que chegam a fingir serem constitucionais, democráticos e republicanos os projetos pessoais de poder que deveras buscam. (aqui a devida vênia ao ilustre Fernando Pessoa).

Homens e mulheres que ocupam mandatos e funções públicas esquecem muitas vezes que são apenas mandatários pois receberam ou receberão seus mandatos para representarem determinados grupos para os quais deverão direcionar a força de seus mandatos durante o período para o qual foram eleitos prestando contas ao final.

Porém na prática o que vemos são políticos que não zelam pela coerência de suas biografias ou pelo compromisso com seus eleitores. Para manterem seus mandatos e projetos pessoais de poder, muitas vezes sem o menor pudor escarnecem de seus eleitores, das pessoas que ideologicamente lhes outorgaram mandato. Sem princípios, são direcionados pelos ventos eleitoras.

Como exemplo vemos Marina Silva ministra e ex-senadora, Geraldo Alckmin ex-governador de São Paulo e atual vice-presidente da República, Guilherme Boulos e tantos outros exemplos que quando lhes era interessante em função da direção dos ventos políticos e na insana busca pela conquista ou manutenção de seus mandatos afirmavam que o PT juntamente com o presidente Lula eram completamente corruptos, ladrões dos cofres públicos e disso não tinham dúvida; vídeos com essas declarações, temos as centenas na internet.

E agora, pela nova direção do vento ocupam posições de destaque ao lado daquele a quem classificavam de corrupto. Como pessoas honestas (segundo elas mesmas) podem caminhar com pessoas desonestas? Podemos mudar de opinião e isso na verdade é até saudável, porém esses políticos deveriam explicar aos seus eleitores por que mudaram de opinião.

Qual grande e novo fato sobreveio sobre nós que tirou a mácula que estava sobre as roupas do ex-presidente Lula e lhe deram roupas da deusa Vesta. Publicamente não vimos nada, por isso é razoável imaginar que esse fato se deu nos porões da República.

Minha fala aqui nada tem a ver com PT ou Lula e sim, falo contra políticos incoerentes com suas convicções (oxalá as tivessem) que não respeitam seus eleitores. Estes por sua vez, parecem não se incomodar com isso, porém, ficam apáticos ao processo eleitoral à mercê do vento.

Lembro com saudades dos dias nos quais nossos políticos construíam carreiras sólidas (muito embora não acho que política deva ser carreira e sim momento de serviço a República com prazo determinado) mas sobre isso falaremos outro dia.

Imagino um dia no qual tal como ocorre nas grandes datas festivas, as eleições sejam um momento esperado e memorável, não apenas pelos políticos que já estão no mandato a décadas e que buscam insanamente nele permanecer por mais outra década ou novos candidatos que que querem a mesma coisa.

A política deveria chamar a vida pública os melhores cidadãos e cidadãs da República para durante um determinado período, serem no exercício do poder constituído serem de fato representantes do povo e não esses arremedos de homens e mulheres públicas cópias mal-acabadas de bons políticos que já tivemos.

O exemplo de São Paulo é bem eloquente, onde os candidatos a prefeito protagonizaram o pior debate público da história do País, onde Pablo Marçal, candidato a quem também se aplica a eficiência no fingir descrita no início da nossa coluna, que se apresenta como o Santo Graal da política, um ser iluminado que possui a chave e os códigos para transformação e destravamento da gestão pública brasileira. Esse jovem está mais para ouro de tolo do que para estadista, homem equivocado, disfuncional ao debate e pernóstico.

Um equivocado (chamaria na minha infância de bobo-alegre) que pensa que poderá gerir São Paulo com um manual de coach, aplaudido por aqueles que de tão enganados que foram, se apegam a qualquer esperança de fórmula mágica que possa salvar seus filhos e filhas da insegurança desse país.

A mesma eleição, disputa Tabata Amaral uma menina prodígio um orgulho para o Brasil que frequentou renomadas faculdades tais como Harvard University, Cambridge, Massachusetts entre outras, porém não percebe quão desafiadora é a gestão de uma cidade como São Paulo, quem sabe um dia poderá ser nossa Ângela Merckel, mas aflora sua inocência e imaturidade política ao declarar que não lembra quando foi a última vez que trabalhou e também sucumbe ao mesmo projeto de todos os políticos de disputar uma eleição apenas para manter seu nome em evidência para as próximas eleições as custas dos cofres públicos.

Mesmo não merecendo tanto sofrimento, São Paulo ainda tem a Boulos que de forma desavergonhada ostenta franciscanamente seu “ceutinha” se tão desprendido fosse renunciaria a todas as demais regalias que lhe conferem o cargo de Deputado Federal, dono de um despreparo flagrante para gestão da coisa pública. E por fim, o que dizer do iracundo e descontrolado Datena que virou chacota nacional.

O Cidadão de São Paulo está sendo exposto a um show de horrores encenada por um grupo de políticos que não fazem jus ao tamanho dessa grande cidade, talvez esse seja o momento de olhar para alternativas, outros candidatos que não pontuam tanto e ouvir suas propostas, não só em São Paulo, mais em todos os municípios desse país.


Professor Hélvio Costa é jurista e professor universitário

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