Cooperação Circular transforma vidas no Distrito Industrial de Santa Cruz, na capital fluminense

O que é preciso para mudar o mundo? Ou, melhor, para salvar o mundo? A maioria das respostas focará na questão do ESG (Governança ambiental, social e corporativa, na tradução livre), o que não deixa de ser verdade. Mas é preciso trabalho. É preciso prática. É preciso cooperação circular. E é a isso que se propõe o Programa Cooperação Circular, capitaneado por João Leal, Superintendente de Desenvolvimento Econômico Sustentável da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Energia e Relações Internacionais (SEDEERI/RJ) e que conta a participação efetiva da Organosolo, da Ternium, da Associação das Empresas do Distrito Industrial de Santa Cruz e da própria SEDEERI/RJ.

Esta quinta-feira, 27 de outubro, é um dia importante para todo o ambiente circular projetado pelo programa Cooperação Circular, que transforma a vida de empresas e pessoas que dependem do desenvolvimento da região do Distrito Industrial de Santa Cruz, na capital fluminense. Será assinado na sede da Aedin, em Santa Cruz, um Memorando de Entendimentos entre uma associação privada sem fins lucrativos, parceira do Distrito Industrial de kalundborg, na Dinamarca, a Sedeeri e a própria Aedin.

O objetivo do acordo com o distrito industrial referência mundial em simbiose industrial é apontar o distrito industrial de Santa Cruz como um piloto sustentável e uma referência operacional para outros distritos industriais existentes e/ou nascentes no estado do Rio de Janeiro. O documento será assinado simultaneamente entre Fernanda Candeias, presidente da Aedin, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Energia e Relações Internacionais, Cássio Coelho, e pela executiva Lisbeth Randers, que assinará na Dinamarca.

Durante o evento será apresentada ainda a continuidade do Programa Cooperação Circular, com alternativas de robustecimento do programa através de novas entregas sustentáveis advindas de possíveis novos parceiros públicos e privados do programa muito bem definido como a arte da economia circular.

Cooperação circular transforma vidas

O Programa Cooperação Circular atua na região do Distrito Industrial de Santa Cruz, número 150 no ranking de Índice de Desenvolvimento Humano do município do Rio, que tem 154 bairros. Este dado mostra o local carece de recursos sociais, apesar da grande atividade industrial presente.

João Leal ressalta que o programa Cooperação Circular nasce na ideia de colocar em prática um dos pilares apontados pela Confederação Nacional das Indústrias durante a COP26 no ano passado – a economia circular. O Rio de Janeiro, um grande centro de consumo, precisa importar alimento. Então, por que não colocar a economia circular para mudar este cenário?

O Programa Cooperação Circular direciona o resíduo industrial, na verdade um coproduto, pois tem uma finalidade, para a Organosolo, empresa que utiliza esse coproduto para fabricar adubo orgânico que servirá como insumo para o trabalho do agricultor que reside, planta e colhe em Santa Cruz, bairro que tem sua história ligada à produção agrícola. E o cuidado com todo esse processo gera um insumo de muita qualidade.

“Esse adubo orgânico de alta qualidade proporciona maior produtividade, que significa mais produção, mais venda e mais recurso. Mais renda no bolso dos agricultores. O resíduo de uma região é beneficiado e retorna à região para proporcionar elevação de IDH, aumento de renda e alimentação”, conta João Leal, empolgado em mostrar a prática das ações do programa.

Um exemplo desta prática é a doação, neste ano, de 30 toneladas de adubo orgânico para os agricultores locais. A meta do Programa Cooperação Circular em 2030, data dada como marco nas questões ambientais do planeta, é chegar ao número de 2030 toneladas entregues.

O Engenheiro Agrônomo da Organosolo, José Luiz Natal Chaves, fala com motivação do trabalho desenvolvido por sua empresa, que tem papel fundamental na concepção do Programa Cooperação Circular. Ao explicar como funciona a compostagem e o direcionamento correto de resíduos orgânicos ele ressalta a obrigação em certificar a qualidade do processo.

“Quando você tem uma usina de tratamento de resíduo não é preciso ser seletivo em relação ao resíduo orgânico que você recebe. Como nós fabricamos o adubo orgânico, o adubo precisa ter qualidades agronômicas. Isso nos impõe a necessidade de ter critérios para receber resíduos orgânicos, não podemos usar qualquer resíduo orgânico, pois queremos ter, no final, um produto de alta qualidade e desempenho”.

A empresa recebe materiais como Poda de Árvore, Resíduos de Refeitórios, cervejarias, fábricas de sucos e refrigerantes, fábricas de pães e massas, frutas, legumes e outros materiais que se enquadrem na lista seletiva.

Durante o processo, o material é exposto a temperaturas que chegam a 70º, garantindo a sanitização e a eliminação de contaminações biológicas, parasitas e sementes invasoras, resultando um adubo seguro e pronto para transformar solos.

Francisco Dantas, sócio fundador da Organosolo, faz uma comparação que mostra o quanto é simples, porém muito importante, o trabalho realizado pela Organosolo. “A compostagem nada mais é do que uma grande receita de bolo. A gente prepara uma massa de bolo e dá as condições ideais para aquele processo ocorrer. Um processo natural que ocorre na natureza. A gente só o recria em ambiente controlado e industrial, então dá as condições perfeitas para as bactérias atuarem”.

Na Cooperação Circular, o Coproduto industrial é transformado em adubo orgânico para a plantação.

A bela teoria, no entanto, precisa ser levada para prática e para isso é preciso muito trabalho de campo e de porta a porta para convencer os atores do desenvolvimento econômico de que é preciso trabalhar em conjunto para fazer a economia entrar em circulação para proteger o planeta e mudar a vida da população fluminense.

Em entrevista por email, Fernanda Candeias, presidente da Aedin, fala sobre a importância do Programa Cooperação Circular para o entorno. “O programa Economia Circular é de suma importância para o Distrito Industrial de Santa Cruz. Por meio da rede de parceria entre Iniciativa Privada, Governo do Estado e Sociedade Civil, buscamos contribuir com o desenvolvimento da região. Trabalhar com os coprodutos das indústrias pode trazer ainda mais benefícios para o entorno”.

Trabalho para mudar o rumo

A missão da Organosolo passa por um cenário desafiador. Atualmente as empresas têm na coleta ordinária de resíduos municipal um preço subsidiado. É preciso, portanto, convencer os que pensam a estratégia do negócio de que a escolha pela destinação correta coloca a empresa como agente de um processo de transformação de vidas.

“Nós temos um desafio grande na questão da venda do nosso produto. Falar para a empresa não enviar o resíduo para um aterro sanitário, que vai ser aterrado, vai ficar lá durante 50 anos e vai virar um passivo ambiental”, conta Francisco Dantas, que ressalta que a Organosolo trabalha hoje com um portfólio de cerca de 45 clientes, de variados tipos de resíduos.

E é para mudar essa visão por parte das empresas que entra o trabalho do Programa Cooperação Circular, tido por todos os envolvidos como a prática de ideais de sustentabilidade que na maioria das vezes fica no campo da teoria e, às vezes, utopia.

A atuação do programa Cooperação Circular gera produtos que vão além da mudança de vida do homem do campo de Santa Cruz e das empresas envolvidas com o sistema. João Leal conta empolgado sobre tratativas com a Engie.

“A Engie, maior empresa de energia sustentável do mundo, com a qual estamos conversando, fez um convênio com uma empresa de Israel para doar 18 mini biodigestores para escolas. Com isso, o resíduo orgânico das escolas será transformado em biogás para a cantina local. Com o relacionamento de muita transparência que nós temos com os gestores, eu disse que um iria para Santa Cruz. Estamos, então, escolhendo uma escola que vai receber esse mini biodigestor”.

Com a certeza de que trabalho gera resultado da mesma forma que adubo orgânico de qualidade gera alimento de qualidade, João Leal desenha o futuro apontando possibilidades de produção de adubo orgânico na região da Reserva Caruara, no Porto do Açu, no Norte Fluminense e chama atenção para a melhor gestão dos resíduos do Noroeste Fluminense, onde, segundo estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), há sete vazadouros, que são lixões.

João resume o que norteia as ações que colocarão o Rio de Janeiro, o Brasil e o planeta no trilho da produção sustentável de alimentos e na defesa do meio ambiente, já que todos sabemos que não há planeta B.

“Menos discurso e mais prática. Vamos gerar o impacto ambiental. Ficar no conceito das ODS, da Sustentabilidade, do ESG não vai adiantar. Temos que materializar o impacto socioambiental, preferencialmente em ações de alto impacto”.

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