*Por Márcio Malta
No fim de 2023, o serviço de intermediação lotérica completou 20 anos de existência no Brasil. É um tempo histórico considerável, marcado por grandes avanços em termos tecnológicos e também em relação ao desenvolvimento de negócios, protagonizados por empresas disruptivas em termos de tecnologia para desenvolver o potencial desse mercado em um cenário de digitalização.
Quando foram inauguradas as apostas online nos jogos de loteria, duas décadas atrás, não havia nem smartphones no mercado brasileiro. Não era um mundo analógico, mas pouca coisa estava, assim, na palma da mão. O primeiro aparelho deste tipo foi lançado por aqui apenas em 2009. É até difícil lembrar, mas a maior parte da população ainda não tinha acesso ao mundo digital. Assim, quando a primeira empresa desse segmento entrou em operação, a fezinha podia ser feita apenas via computador – o que já representou um grande avanço, uma vez que os apostadores não precisavam mais ir pessoalmente às casas lotéricas. Essa possibilidade de usufruir de um serviço com praticidade, segurança e comodidade foi revolucionária naquele período, especialmente porque a utilização da internet ainda era algo restrito.
A tecnologia foi sendo aperfeiçoada ao longo dos anos, com recursos para facilitar o processo de aposta, mas principalmente agregando inteligência de dados que, aplicada aos bolões elaborados pelas intermediadoras, que costumam ainda contar com uma ampla base de dados estatísticos e sistemas de filtros, aumentam as chances de ganhar. Ou seja, junto com as estratégias empregadas, as apostas ficam mais fáceis de serem feitas e mais prováveis de serem premiadas. Para dar um exemplo prático, o sistema de probabilidade empírica utilizado pela Sorte Online desde 2020, especialmente nos sorteios da Lotofácil da Independência, analisa todos os resultados da história da Lotofácil para extrair as combinações mais premiadas e elaborar bolões. Desde então, foi conquistado o prêmio principal nos concursos de 2020, 2021, 2022 e 2023 desta loteria. Ou seja, 100% de sucesso na aplicação deste recurso.
A evolução do ambiente digital é um processo contínuo e inclui melhorias na usabilidade e experiência do cliente, automação para conferir apostas, meios de pagamento de prêmios digitalizados e novidades que vão sendo incorporadas gradualmente ao serviço. O que exige um “empurrão” mais vigoroso para não ficar na inércia são as questões referentes à regulamentação do mercado. Em 20 anos, foram poucos e espaçados avanços em prol da atividade de intermediação. Mas, a partir do progresso que vimos no Congresso, em dezembro do ano passado, com a aprovação do texto-base que regulamenta o mercado de apostas esportivas de cota fixa e jogos virtuais, como os cassinos, esperamos assistir a um dos capítulos mais importantes dessa história em 2024.
Vale ressaltar que a inexistência da normatização abre espaço para tentativas de sanções por parte de grupos tradicionais, que enxergam a inovação como uma barreira para seus negócios – e não como oportunidade de levar novas possibilidades aos clientes. O que acontece hoje com as intermediadoras de serviços lotéricos já aconteceu com empresas que criaram novos mercados ao inovar no Brasil, como Uber e iFood, por exemplo: ao implantar novidades significativas, elas acabaram entrando em um espaço ainda sem regras bem definidas, ficando expostas a questionamentos das empresas tradicionais quanto à legitimidade de suas operações, já que players ainda mais antigos, já estabelecidos em seu setor, passam a bater de frente com estes grupos, visando limitar sua atuação.
Atualmente, o segmento tem, no Brasil, uma representatividade modesta de menos de 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto), enquanto em países regulados (Estado Unidos, por exemplo) este número chega perto ou ultrapassa 3%. Conforme dados da pesquisa encomendada pela AIDIGLOT (Associação dos Intermediadores Digitais de Jogos Lotéricos) à FGV em 2023, a regulamentação do setor aumentaria em 140% a arrecadação de impostos, com um impacto anual na ordem de R$ 1,9 bilhões de reais a mais nos cofres públicos.
O segmento já possui o Projeto de Lei 1796/23, do deputado Bacelar, que trata da regulamentação do assessor de apostas de jogos lotéricos ou courier, e a expectativa é que sua aprovação evolua nos próximos meses, destravando todo esse potencial que as intermediadoras têm para desenvolver o mercado lotérico. Nesse sentido, os esforços da associação compreendem, ainda, promover segurança jurídica, investimentos estrangeiros e fomento à economia, além de um nível mais alto de compliance do setor, combatendo eventuais efeitos colaterais negativos como a lavagem de dinheiro e o estímulo à prática do Jogo Responsável (combate à ludopatia), para que a atividade seja desenvolvida num contexto de entretenimento saudável, relações disciplinadas e negócios prósperos para os envolvidos, beneficiando toda a sociedade.
*Márcio Malta, CEO do Sorte Online, formado em Publicidade e Propaganda pela Faculdade Cásper Líbero, cursou MBA com foco em Finanças na FGV.
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