Assédio é assunto sério e deve ser combatido. Pensando nisso, alunas do Sesi São Gonçalo – colégio técnico ligado à Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) – criaram um aplicativo para alertar as mulheres sobre áreas de risco.
O trabalho das alunas do Sesi foi publicado em artigo nos Estados Unidos, em uma edição do International Journal of Human Sciences Research. No documento, Ana Carolina Lydia, Alycia Beatriz da Silva Rangel, Ana Luisa Santana Santos, Isabel Maciel dos Santos, Julia das Núpcias Moura e Júlia Oliveira de Mendonça, autoras do projeto, explicam como funciona o aplicativo Voz a Elas. A ferramenta tem um botão de emergência que emite alertas para avisar à mulher quando ela se aproximar de uma área considerada de maior risco.
“Além disso, pensando em acessibilidade, nosso projeto visa desenvolver um dispositivo semelhante ao um relógio digital com a única função de conectar-se ao aplicativo. E como tem um mecanismo mais simples, o custo seria muito inferior aos relógios digitais atualmente disponíveis no mercado”, explicam as estudantes no artigo publicado nos EUA.
A estudante Júlia das Núpcias Moura conta que a ideia foi facilitar à mulher acionar a polícia em caso de eventual assédio. “Dentro do aplicativo tem um botão que aciona a Delegacia da Mulher, um fórum de discussão e um mapa de calor que aponta onde há maior ou menor incidência de assédio”, explica ela.
Júlia contou que a ideia de produzir o aplicativo surgiu de um trabalho escolar de uma disciplina chamada Jornadas Pedagógicas que incentivava os estudantes a olhar os problemas vividos nos bairros e cidades aonde vivem com uma ótica crítica.
Posteriormente, essa ideia foi colocada em prática pelas estudantes do Sesi durante uma feira de ciências. Foi pedido aos estudantes que criassem soluções para problemas cotidianos e foi então que o aplicativo Voz a Elas foi criado.
“Como éramos um grupo apenas de mulheres e essa questão do assédio estava sendo discutida, decidimos criar o Voz a Elas”, detalhou Júlia.
As alunas do Sesi foram convidadas para participar do Fórum de Lançamento do Dossiê Mulher 2023. Elas assistiram palestras de vários painéis temáticos apresentados na Sala Cecília Meireles, no Centro da capital fluminense.
O trabalho das estudantes detalha ainda que a partir de uma pesquisa realizada através de um formulário on-line, puderam observar que os casos de violência acontecem em diferentes tempos, ambientes, tempos e acontecem em jeitos diferentes.
O formulário das estudantes do Sesi foi respondido por mais de 100 mulheres e, por meio dela, as estudantes conseguiram respostas positivas sobre informações que pudessem dar base ao projeto e como poderia ajudar na sociedade em geral.
E o Rio tem uma realidade na qual o aplicativo das estudantes do Sesi pode ter grande eficácia. A Secretaria de Estado da Mulher, que estava presente no fórum, completou 200 dias de atuação e, neste período, já impactou mais de 1,35 milhão de pessoas com campanhas, ações e capacitações no Estado do Rio, considerado o mais feminino do país após a divulgação de dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que mostram que 52,8% da população fluminense é de mulheres.
Além de várias ações contra o assédio, a pasta estadual também também realizou um mapeamento inédito da rede de atendimento a mulheres no estado. O levantamento, com respostas de 75 dos 92 municípios, identificou 38 Organismos de Políticas para Mulheres (OPMs) em todo o estado, um crescimento de 52,17% dos organismos nos últimos dez anos no território fluminense.
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